quarta-feira, 17 de março de 2010

JAMILDO 17/03/10

PF ouve hoje depoimento de policiais que trocaram tiros com acusado de matar Glauco

POSTADO ÀS 10:40 EM 17 DE Março DE 2010

da Folha Online

A Polícia Federal em Foz do Iguaçu (PR) vai ouvir nesta quarta-feira o depoimento dos policiais rodoviários federais envolvidos no tiroteio contra Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, acusado de matar o cartunista e líder religioso Glauco Vilas Boas, 53, e seu filho, Raoni, 25. Apesar disso, o horário dos depoimentos ainda não está determinado.

Segundo informações da assessoria da PF, o policial que foi ferido durante o tiroteio na ponte da Amizade, Luciano da Silva, 29, deve ter seu depoimento marcado para os próximos dias. Assim como o novo interrogatório que deve ser feito com Cadu. Após a coleta das informações, a polícia deve decidir se será necessária a realização de uma reconstituição da perseguição.

Ontem, o policial ferido baleado durante a fuga afirmou que teve "muita sorte" ao ser ferido por apenas um tiro no braço, uma vez que Cadu atirou cerca de 15 vezes, segundo Silva.

Luciano da Silva está internado em um hospital de Foz do Iguaçu --até ontem, os médicos ainda não haviam conseguido extrair a bala. Segundo ele, ninguém do posto de controle na ponte recebeu nenhum aviso sobre o veículo suspeito, mesmo após Nunes ter sido perseguido e escapado de policiais rodoviários uma hora antes.

Quando passou direto por uma base da Polícia Rodoviária Federal na BR-277, a aproximadamente 15 km de ponte, Nunes e os policiais chegaram a trocar tiros. A PRF alega que emitiu alerta após o suspeito escapar do cerco policial.


Serra tem 35% e Dilma, 30% das intenções de voto, diz pesquisa Ibope

POSTADO ÀS 10:21 EM 17 DE Março DE 2010

Por Maria Angélica de Oliveira Do G1

A diferença entre o governador e a ministra diminuiu de 21 pontos percentuais, no levantamento anterior, divulgado no início de dezembro, para cinco pontos agora. Em dezembro, Serra aparecia com 38% das intenções de voto, contra 17% de Dilma Rousseff, 13% de Ciro Gomes e 6% de Marina Silva.

Para a pesquisa divulgada nesta quarta, 2002 pessoas foram entrevistadas em 140 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O intervalo de confiança estimado é de 95%.

Com Aécio

Em outro cenário, com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), no lugar de Serra, Dilma assume a liderança com 34% das intenções de voto, contra 21% de Ciro, 13% de Aécio e 8% de Marina. Brancos e nulos são 14%. O percentual de eleitores que não responderam foi de 9%.

A CNI/Ibope também simulou a intenção de voto em dois quadros sem Ciro Gomes. No primeiro, Serra tem 38%, contra 33% de Dilma e 8% de Marina. Nesse cenário, brancos e nulos somam 12%, e eleitores que não responderam, 8%. Em outra simulação, desta vez com o governador mineiro, Dilma tem 39% das intenções de voto e é seguida por Aécio, com 18%, e Marina, com 12%. Brancos e nulos são 19%. Doze por cento dos eleitores não responderam.

O menor índice de rejeição é o do governador José Serra: 25% dos entrevistados disseram que não votariam nele de jeito nenhum para presidente. Esse percentual era de 29% na última pesquisa. Em relação a Dilma Rousseff, o índice de rejeição caiu de 41% em dezembro, para 27% agora. Ciro tinha rejeição de 33% e agora é rejeitado por 28% dos entrevistados.

Datafolha

Pesquisa Datafolha divulgada em 27 de fevereiro mostrou queda na diferença entre os pré-candidatos do PSDB, o governador paulista, José Serra, e do PT, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sucessão presidencial.

O levantamento apontou Serra com 32% das intenções de voto; Dilma Rousseff, com 28%; o deputado federal Ciro Gomes (CE), pré-candidato do PSB, com 12%; e a pré-candidata do PV, senadora Marina Silva (AC), com 8%. Na mostra anterior do Datafolha, divulgada em dezembro de 2009, Serra tinha 37%; Dilma 23%; Ciro 13%; e Marina 8%.

Outro levantamento Pesquisa realizada pelo Ibope por encomenda da Associação Comercial de São Paulo e realizada entre os dias 6 a 9 de fevereiro indicava Serra com 36% das intenções de voto e Dilma 25%. Em terceiro lugar estava o deputado federal Ciro Gomes (PSB) com 11%, seguido da senadora Marina Silva (PV) com 8%.


Marina busca agenda 'Avatar'

POSTADO ÀS 09:54 EM 17 DE Março DE 2010

Roberto Almeida dO Estadao de S.Paulo



Marina Silva, senadora e pré-candidata à Presidência pelo PV, está buscando uma aproximação com o cineasta James Cameron, vencedor de três Oscar pelo blockbuster Avatar. Marina acredita que o filme, detentor da maior bilheteria da história do cinema, é mais um gatilho importante para o ativismo ambiental plataforma essencial de sua campanha.



Se tudo ocorrer como planeja a equipe da pré-candidata, um encontro com Cameron está próximo de acontecer. Nos dias 26 e 27 de março, ambos devem participar, ao lado do ex-vice-presidente dos EUA Al Gore e do ecólogo Thomas Lovejoy, do Fórum Internacional de Sustentabilidade, que será realizado em Manaus (AM).



Assessores da senadora estão esperançosos, mas cautelosos sobre a confirmação do encontro com o cineasta. Como o fórum começa em uma semana, é preciso acelerar contatos com interlocutores e assessores de Cameron para estabelecer uma agenda conjunta entre os dois no Brasil.



Para isso, Marina aposta nos argumentos que estão em texto publicado em seu blog (minhamarina.org.br) desde o dia 2 de março, logo após ter assistido ao filme. "Avatar e a síndrome do invasor", título do post da senadora, compara sua infância nos seringais do Acre à história dos Na"vi, o povo da floresta criado por Cameron.



"Teve um momento, vendo Avatar, que me peguei levando a mão à frente para tocar a gota d"água sobre uma folha, tão linda e fresca. Do jeito que eu fazia quando andava pela floresta onde me criei, no Acre", destaca Marina.



Em seguida, a senadora passa a descrever pontos de conexão entre suas experiências de vida e Avatar. "É incrível revisitar, misturada à grandiosidade tecnológica e plástica de Avatar, a nossa própria vida." Até chegar ao que considera a essência do filme. "Avatar nos leva a tomar partido", grifa Marina.



Cameron já havia descrito a ambiciosa jornada de ficção científica como elemento desencadeador do ativismo ambiental. O cineasta disse à imprensa internacional ter recebido feedbacks de ambientalistas sobre a temática do filme, especialmente sobre a ligação entre sustentabilidade e a vitória do bem sobre o mal.



Marina concorda e vai além. "Não só ao estilo bem contra o mal, mas em favor da beleza, da inventividade, da sobrevivência de lógicas de vida que saiam da corrente hegemônica", anota.



Uma das cenas consideradas mais emblemáticas do filme, e que seria o ponto de partida para o ativismo ambiental, é a que mostra a derrubada de uma árvore ? a casa do povo da floresta. Cameron aponta a imagem como a matriz de um sentimento de revolta.



Marina disse ter ido às lágrimas com a derrubada da árvore. "Chorei diversas vezes e um dos momentos mais fortes foi quando derrubam a grande árvore. Era a derrubada de um mundo, com tudo o que nele fazia sentido."


Estado seleciona organização social para administrar UPA do Curado

POSTADO ÀS 09:52 EM 17 DE Março DE 2010

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) está selecionando a organização Social que
administrará a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Curado, em Jaboatão dos
Guararapes, com inauguração prevista para maio. A participação está aberta para
entidades jurídicas de direito privado e sem fins lucrativos. O processo de seleção
pública foi autorizado pelo vice-governador e secretário de Saúde, João Lyra Neto.

O edital de seleção está disponível na Gerência de Licitação da SES, na sede do
órgão (praça Oswaldo Cruz, S/N, Boa Vista), onde os concorrentes podem retirar uma
cópia. As propostas serão abertas no dia 15 de abril de 2010, às 9h, na sala de
reuniões da Secretaria de Saúde.

A Organização Social que for selecionada vai assinar o contrato por um ano e
receberá um teto anual de R$ 10,3 milhões para gerir os serviços. A entidade terá a
missão de administrar toda a estrutura física, os equipamentos e os recursos humanos
da UPA, que funcionará 24 horas por dia. A organização também será avaliada
trimestralmente pela SES e terá que cumprir metas quantitativas e qualitativas.

Responsável pelo atendimento a pacientes de baixa e média complexidade, a UPA do
Curado contará com cerca de 150 funcionários. A expectativa é que a unidade atenderá
uma média de até 500 pacientes por dia, com uma resolutividade de 95% dos casos. O
edital para seleção de OS para as UPAs do Ibura e Casa Amarela deverá ser publicado
no Diário Oficial até o fim deste mês.

Das 12 UPAs previstas para o Estado, três foram inauguradas, em Olinda, Paulista e Igarassu. As próximas unidades a serem entregas à população são as da Imbiribeira, Caxangá e São Lourenço da Mata, todas previstas para o fim deste mês. Em Abril, ficará pronta a UPA dos Torroes/Recife, gerida pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia do Recife.


Mercadante já negocia aliança para a disputa de SP

POSTADO ÀS 09:24 EM 17 DE Março DE 2010

Deu no Blog de Josias de Souza

Tomado por suas declarações públicas, Aloizio Mercadante (PT-SP) ainda é candidato à reeleição para o Senado. Tomado por sua movimentação subterrânea, Mercadante já assimilou a idéia de disputar o governo de São Paulo.

Nesta terça (16), o líder petista reuniu-se em segredo com o deputado Paulo Pereira da Silva, mandachuva do PDT-SP. Paulino da Força Sindical, como o deputado é conhecido, informou a Mercadante que o PDT pode embarcar na canoa do PT. Porém...

Porém, Paulinho levou à mesa uma condição: que indicar o companheiro de chapa de Mercadante. Um problema para o petismo, que idealizara outro vice: o neosocialista Paulo Skaf, presidente da Fiesp e recém-filiado ao PSB.

Para regozijo de Paulinho, Skaf refugou a companhia de Mercadante. Prefere comparecer às urnas como candidato a governador. Antes de trocar idéias com Paulinho, Mercadante reunira-se com a correligionária Marta Suplicy (PT-SP), que deve herdar dele a candidatura ao Senado.

Conversara também com o deputado Celso Russomano (PP-SP), vendido por Paulo Maluf como uma alternativa para sucesão paulista. Até bem pouco, Mercadante era o “Plano B” de Lula para São Paulo. Como Ciro Gomes (PSB) demora-se em aceitar a missão, o líder do PT virou a “Opção A”.

Se for mesmo ao ringue, Mercadante enfrentará um adversário com cara de favorito. As pesquisas atribuem ao tucano Geraldo Alckmin índices de intenção de voto ao redor dos 50%. Se perder, Mercadante torna-se instantaneamente candidato ao recebimento de uma “recompensa”: a cadeira de ministro do governo Dilma Rousseff.

Se Dilma for derrotada, Mercadante não terá senão a alternativa de planejar 2012 e torcer para que o PT o apóie numa eventual candidatura à prefeitura paulistana. Rodeado de tantas variáveis, Mercadante talvez tenha saudades prematuras das pesquisas que o acomodam na dianteira da corrida para o Senado, à frente de Romeu Tuma (PTB) e Orestes Quércia (PMDB).

Como diria Lula, amigo é pra essas coisas.


TSE nega pedido de cassação do governador de Rondônia

POSTADO ÀS 09:20 EM 17 DE Março DE 2010

da Folha Online

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) negou nesta terça-feira recurso que pedia a cassação do governador de Rondônia, Ivo Cassol (PP), e do vice-governador do Estado, João Aparecido Cahulla (PPS), sob acusação de abuso de poder econômico e compra de votos na eleição de 2006.

O julgamento estava interrompido desde o dia 2 de março, quando o ministro Felix Fischer pediu vistas do processo, quando estava empatado em dois a dois. Nesta terça-feira, os ministros Felix Fischer e Fernando Gonçalves votaram contra a cassação.

O ministro Arnaldo Versiani, relator, defendeu a manutenção do mandato ao afirmar que as testemunhas não provaram a participação do governador na compra de votos. Já o procurador-geral Eleitoral, Roberto Gurgel, argumentou que compra de votos foi comprovada por depoimentos.

A defesa de Cassol sustentou que as provas obtidas pelo Ministério Público Eleitoral são insuficientes para determinar a cassação. Afirmou que não houve abuso do poder econômico nem político durante a campanha de reeleição de Cassol em 2006. Também ressaltou que o governador tinha alto índice de aprovação popular e ganhou a eleição em primeiro turno.

Segundo a denúncia, o governador integraria um esquema de contratação de funcionários de uma empresa de vigilância, às vésperas do primeiro turno das eleições de 2006, para trabalhar como "formiguinhas" --nome dado a cabos eleitorais--, o que caracterizaria a compra de votos.

No depoimento, os funcionários disseram que foram abordados durante o período eleitoral para votarem em Cassol e em outros três candidatos em troca de R$ 100.

A Procuradoria citou ainda inquérito da Polícia Federal que confirmou, por meio de quebra de sigilo dos funcionários, que diversos depósitos de R$ 100 foram feitos entre os dias 28 e 29 de setembro de 2006, uma semana antes do dia das eleições.


Viúva de Glauco diz estar aliviada com prisão de suspeito; veja entrevista

POSTADO ÀS 09:09 EM 17 DE Março DE 2010

Afonso Benites da Folha de S.Paulo

"O Glauco nunca gostou de drama nem de sofrimento. Estou sofrendo, mas não vou fazer drama". É assim que a artista plástica Beatriz Galvão Veniss, 49, viúva do cartunista Glauco Vilas Boas, 53, resume o momento que está passando após o assassinato do marido e do enteado, Raoni, 25.

Vestindo uma camiseta com uma tira de um dos personagens de Glauco, o Cacique Jaraguá, ela diz não ter vontade de vingança e que está "aliviada" por saber da prisão de Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, suspeito pelo assassinato.

"Estamos reagindo com muita dor, mas não somos um povo de vingança. Somos de Cristo e queremos buscar a alegria".

Ao lado da filha Juliana Vennis, 31, da namorada de Raoni, Gercila Pinheiro, 25, do enteado Ipojucã Vilas Boas, 26, e do neto Unaqui Vennis da Silva, 6, a artista plástica afirma que pretende continuar a obra de Glauco na igreja Céu de Maria, do Santo Daime, da qual era fundador e o líder religioso. "Ele não deixou só uma viúva e três filhos. Ele deixou 300 órfãos na igreja."

FOLHA - Como tem sido esses dias após a morte do Glauco?

BEATRIZ GALVÃO VENISS - Estamos reunidos aqui [na casa de amigos] porque o assassino ainda estava solto e ameaçando.

FOLHA - Ele te ligou?

BEATRIZ - Sim, me ligou no dia seguinte ao crime. Nem deixei ele falar. Atendi o telefone e ele falou: 'Oi Bia'. Meu coração disparou porque eu reconheci a voz dele, na hora. Eu disse: 'Não acredito que você está me telefonando, seu assassino!'. Aí ele desligou. Mas o meu advogado me informou que poucas horas após ele ter me ligado ele estava lá perto de casa. A polícia rastreou o telefone dele e disse que ele estava por perto.

FOLHA - Ele continuou na região?

BEATRIZ - Ele queria me matar também. Ele disse que queria matar nós dois. O Glauco que batalhou para ele não me levar.

FOLHA - Como foi o crime?

BEATRIZ - Ele abordou a Juliana no portão e nós dois já estávamos deitados, assistindo a um filme quando a Juliana me chamou pela janela. Eu achei esquisito porque ela tem a chave da minha casa. Ela mora na casa ao lado. Eu desci primeiro e quando eu desci já a vi com um revólver na cabeça dela.

FOLHA - A sra. reconheceu o Cadu?

BEATRIZ - Não. Eu achei que era um ladrão. Eu só reconheci o depois. O Glauco desceu logo em seguida. Quando ele viu o Glauco, já começou a falar: 'Quem é que agora você vai dizer que é o homem, que é o poderoso? Você não acreditou que eu era Jesus?' E deu um soco no rosto do Glauco. Ele apontava a arma para todos os lados e dizia: 'Agora vocês vão ver quem é o poderoso. Eu vou te matar, seu babaca'.

FOLHA - Então ele entrou para matar mesmo, não tinha nenhuma outra possibilidade?

BEATRIZ - Não. Foi premeditado. Você não viu o jeito dele na televisão? Ele estava transtornado, mas queria agredir porque o Glauco não acreditou quando ele disse que era Jesus. Me falaram que a ideia dele era matar todo mundo que não acreditou que ele era Jesus.

FOLHA - E na sequência...

BEATRIZ - Depois que ele disse ser Jesus, ele bateu no Glauco. O Glauco chamou ele para conversar e pediu para sentar. Ele [Nunes] sentou e aquele outro cara que estava com ele [Felipe Iasi] também. Eu fiquei em pé dizendo para ele abaixar a arma. Ele tacou a arma na minha cabeça. O Cadu botou a arma na própria cabeça e o Glauco disse: 'Não faz isso, não quero que se machuque'.

FOLHA - Ele tentou interceder?

BEATRIZ - É, aí ele dizia então você vai comigo para dizer quem é o homem, no sentido de que era o poderoso, o profeta. Eu entendi na hora que era para dizer para a família dele. Aí o Glauco saiu com ele e esse outro menino que estava com ele, o tal de Felipe.

FOLHA - Conhecia o Felipe?

BEATRIZ - Não.

FOLHA - Cadu frequentava a igreja?

BEATRIZ - Ele chegou a frequentar por um tempo. Mas tinha mais de ano que ele não ía. Dizem que ele estava lá no Ano Novo, mas eu não o vi.

FOLHA - Ele era amigo do Raoni?

BEATRIZ - Era, assim como os outros meninos da igreja. O Raoni era um menino alegre, nunca negou amizade para ninguém.

FOLHA - Voltando à cena do crime, o que mais aconteceu?

BEATRIZ - O Glauco saiu da casa com o Cadu e ficaram atrás de uma cerca viva de bambu, que tem na frente de casa. Quando eu vi que eles saíram, corri para pegar o telefone e chamar a polícia. O Raoni chegou em seguida da faculdade com a namorada e com o João Pedro, um amigo dele. O Raoni abriu o portão e viu o Cadu com a arma na cabeça do Glauco. Ele gritou: 'Que é isso Cadu que está acontecendo aqui?'. A Gercila disse que o Raoni se ajoelhou pedindo para não fazer nada com o Glauco. Ela entrou e ficamos na varanda escutando, atrás dessa cerca de bambu e rezando. Quando estávamos rezando na varanda, escutamos os tiros.

FOLHA - E o João Pedro, onde estava nessa hora?

BEATRIZ - Ele não entrou na casa. Acho que se escondeu no banheiro, perto da igreja. Não sei se ele viu muito bem o crime.

FOLHA - A senhora não viu o crime?

BEATRIZ - Não. Quando eu ouvi os tiros, fui correndo lá para fora. Foram vários tiros. Deu dez tiros. Saímos correndo e vimos o Glauco caído para um lado, o Raoni caído para o outro e nem pensei nele [Cadu].

FOLHA - E o Felipe Iasi?

BEATRIZ - Quando o Felipe estava dentro de casa eu perguntei para ele: 'Por que você trouxe esse menino aqui?' Ele respondeu: 'Você não sabe o que eu passei com esse cara hoje'. Aí eu dizia para ele me ajudar, mas ele fez sinal com o ombro de que não podia fazer nada.

FOLHA - Mas o Felipe disse à polícia que foi sequestrado pelo Cadu.

BEATRIZ - Diz ele que sim, mas eu não posso provar nada. Agora, se ele fugiu, eu não entendo porque não ligou para a polícia. Uma pessoa qualquer avisaria.

FOLHA - A senhora chegou a ver o carro saindo com o Cadu e o Felipe?

BEATRIZ - Não. Eu vi o Glauco e o Raoni caídos no chão e não pensei em mais nada, só em socorrer eles. Foi horrível uma noite de tortura, de terror, com maldade, crueldade que eu nunca pude imaginar viver.

FOLHA - O Cadu estava drogado?

BEATRIZ - Parecia. Estava com aquele olhão arregalado. Estava com aquela cara que apareceu TV [quando foi preso]. Mas eu acho mais que ele é um psicopata, de alta periculosidade. Ele já bateu no avô dele.

FOLHA - Mas isso vocês já sabiam antes de ele frequentar a igreja?

BEATRIZ - Uma vez a avó dele falou que ele batia o avô. Ele mesmo falou isso. Mas naquele tempo que ele frequentava a igreja, ele tinha um respeito por nós.

FOLHA - Como a senhora se sentiu após a prisão do Cadu?

BEATRIZ - Aliviada. Pelo menos não tenho mais a ameaça desse monstro na minha família.

FOLHA - Essa situação pode influenciar a situação da igreja que vocês fundaram?

BEATRIZ - Com certeza. Ninguém consegue falar nada. As pessoas só choram. O Glauco era um líder espiritual de alto grau. Ele dedicava a espiritualidade dele na linha da alegria, ele conseguiu conquistar muita gente. Era um líder muito carismático e humilde.

FOLHA - A senhora deve se manter à frente da igreja?

BEATRIZ - À frente da igreja no lugar dele é impossível. Vamos trabalhar em equipe. Vamos ser um batalhão de amigos do Glauco e de discípulos dele.

FOLHA - Quais eram os planos dele?

BEATRIZ - A gente ia fazer uma igreja para 1.000 pessoas. Compramos um terreno de 6 mil metros quadrados e íamos construir uma igreja maior [hoje, recebe cerca de 200 pessoas]. O público da igreja vinha crescendo.

FOLHA - E na questão profissional, ele planejava criar novos personagens?

BEATRIZ - Ele nunca foi de planejar nada. Com o trabalho ele era muito satisfeito. Sinto que se ele trabalhasse só na Folha, estava bom.

FOLHA - A senhora tem acompanhado os desdobramentos do caso?

BEATRIZ - Não vi nada até agora. Não aguento mais. Sou cristã, esposa do Glauco, líder espiritual. Não quero vingança, quero segurança.

FOLHA - O que a senhora espera para o Cadu?

BEATRIZ - Espero que ele fique preso e não saia nunca mais. Dizer que eu quero que ver a cara dele, dizer alguma coisa, que matem ele ou que o torturem não quero nada disso.

FOLHA - A senhora encontrou um motivo para o assassinato do seu marido?

BEATRIZ - A impressão que eu tenho é que o Glauco foi assassinado como um líder espiritual, como um John Lennon, um Gandhi.

FOLHA - Que tipo de droga o Cadu consumia?

BEATRIZ - Essa é uma boa pergunta para se fazer para a família dele. Eles sabiam que ele tinha problemas com drogas. Eles também são responsáveis por esse menino. Eles deveriam ter tratado essa criatura monstruosa que tinham dentro de casa.

FOLHA - Como Glauco via a morte?

BEATRIZ - A morte na nossa religião é uma passagem. O mundo aqui é de ilusão. Viemos na Terra para graduar o espírito, para estudar. Porque a vida eterna é a do espírito, e não a da matéria. Você pode estar atravessando a rua agora e não estar mais aqui em poucos minutos. O que importa é o espírito, ele que é a força.

FOLHA - E onde está o espírito do Glauco?

BEATRIZ - Acho que em alto grau. Em alta esfera. O dele e o do Raoni.

FOLHA - Parece que havia uma brincadeira entre a família com relação à idade em que morreriam. O que era isso?

BEATRIZ - O pai e um irmão do Glauco, o Orlando, fizeram a passagem aos 53 anos. Ele brincava com outro irmão de que estava em perigo, porque tinha chegado aos 53. Dois dias depois de fazer aniversário, ele morreu. Incrível, né?

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