terça-feira, 16 de março de 2010

DO G1 16/03/10

'Estava sob a mira de uma arma', diz motorista de suspeito de matar Glauco

Felipe Iasi nega ter ajudado Carlos Eduardo Sundfeld Nunes a fugir.
'Não sabia onde eu estava, o que estava acontecendo', disse rapaz.

Do G1, com informações do SPTV


O estudante Felipe Iasi, de 23 anos, disse que foi rendido por Carlos Eduardo Sundfeld Nunes (Cadu), de 24 anos, suspeito do assassinato do cartunista Glauco e seu filho Raoni, na madrugada de sexta-feira (12). "Eu estava sob a mira de uma arma", afirmou o jovem, que levou o também estudante até a casa do cartunista, em Osasco, na Grande São Paulo.

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“Não sabia onde eu estava, o que estava acontecendo, o que ele queria ali”, disse Iasi.

A defesa do rapaz sustenta que as investigações da polícia ignoraram a possibilidade de Cadu ter se escondido na mata ao lado da casa do cartunista após o crime. De acordo com o delegado Archimides Cassão Veras Júnior, ele deve ser indiciado tão logo Nunes seja ouvido – o que acontece na tarde desta terça-feira (16).

Segundo Cássio Paulette, advogado do estudante, o delegado aceitou a tese de que Iasi ajudou Cadu a fugir sem investigar outras possibilidades e baseado no depoimento de testemunhas que não viram o estudante deixar o local ao lado do suspeito.

“Indiciar o rapaz a partir do depoimento de uma senhora que estava emocionalmente alterada e que não viu o cidadão efetivamente entrar no carro de Iasi e de uma outra testemunha que não apareceu e acompanhou tudo do banheiro sem pedir ajuda a ninguém é um direito do delegado”, diz Paulette. “Mas esperamos um pouco mais da investigação.”

Na tarde desta terça, o advogado se reuniu com Iasi e sua família em seu escritório no Jardins, região nobre de São Paulo. “Ainda há uma série de discrepâncias em relação a pequenos detalhes que serão esclarecidos”, diz o advogado.

Paulette afirma que os depoimentos que, segundo o delegado, complicaram a situação de Iasi, não podem ser considerados conclusivos porque em nenhum momento o estudante foi visto ajudando Cadu a fugir.

'Fora de foco'

Ele diz que desde que chegaram à casa do cartunista a chave do carro de Iasi ficou em poder de Cadu. Quando o suspeito saía da casa ao lado de Glauco, antes de Raoni chegar, Iasi pediu a chave do carro de volta já que conduziria os dois.

Isso, no entanto, não chegou a acontecer, pois Raoni, o filho de Glauco, chegou da faculdade neste instante e abordou Cadu. “Após a chegada de Raoni, Iasi saiu de foco e aproveitou para fugir”, diz o advogado.

O estudante conhecia Cadu há pouco mais de dois meses e eles tinham o que o advogado descreve como “uma relação superficial”. Na noite do crime, Cadu telefonou para Iasi convidando o rapaz a "fumar um baseado". O advogado do estudante afirma que isso, porém, nem chegou a acontecer já que, nas proximidades da Praça Panamericana, Cadu sacou a arma e fez Iasi levá-lo para Osasco. “Ninguém faz nada sem motivos, até mesmo um louco precisa de motivação para seus atos”, afirma Paulette.

“Iasi não frequentava o Santo Daime, não tomava o chá ‘alucinógeno’, não tem nenhuma convicção religiosa – muito menos dessa igreja -, não conhecia nenhuma daquelas pessoas, o que ele iria fazer lá?”, pergunta o advogado.

De acordo com o depoimento prestado pelo jovem, após deixar a casa de Glauco em Osasco e se dirigir para São Paulo, ele teria errado o caminho de volta, estacionado num posto para se orientar e ido parar na Ponte Cruzeiro do Sul, na Marginal Tietê. De lá, teria retornado para Pinheiros, onde mora.

Prisão
Preso em Foz do Iguaçu, Cadu está desde a madrugada de segunda (15) na carceragem da sede da PF. Após a prisão, ele estava muito agitado, mas, segundo policiais, o jovem se acalmou e passou a noite de segunda mais tranquilo.

O interrogatório desta terça, com a presença do delegado paulista, se concentrou na morte do cartunista e de seu filho. O suspeito já prestou esclarecimentos à PF nesta segunda. Com duas páginas, o depoimento concentra-se mais no que ocorreu após as mortes em Osasco. Apesar disso, ele confessa o assassinato de Glauco e Raoni, segundo a PF. “Ele confessou que foi responsável pelas mortes e somente isso. Não entramos muito na seara do que aconteceu em São Paulo”, afirmou o delegado-chefe da PF em Foz do Iguaçu, José Alberto Iegas.

Fuga
Carlos Eduardo está preso desde o fim da noite de domingo (14), quando tentou cruzar a fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Na fuga em um carro que foi roubado na Vila Sônia, em São Paulo, ele resistiu à abordagem da Polícia Rodoviária Federal. Uma hora depois, atirou em um policial federal que tentou pará-lo na Ponte da Amizade.

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